Caminhamos de intemporalidade em intemporalidade, num espaço celestial entre telas de cinema.
A resiliência dos corpos de mãos dadas recupera os lugares ao longe, num presente que se escapa por entre os pés.
Seis meses depois uma entropia paira em todas as partículas. Tudo congelado!
Já morremos, ou iremos morrer. Seremos breves como o primeiro sopro que engolimos à nascença.
Levitamos ou confundimo-nos com as raízes de florestas densas. Não importa onde estamos, se no ar ou no mar, as moléculas continuam perdidas.
Queremos dizer o gesto entre cores fortes, clarões e escuridão. Queremos rasgar as paredes que nos separam e projetar-nos num campo de papoilas a perder de vista, sem dimensão, imensurável, como naquele sonho onde nenhum de nós quis acordar.
Podemos criar o apocalipse, fazer de Autópsia o único lugar habitável do planeta e em 1, 2, 3 quantos, avistar a onda gigante subir à grua mais alta e ficar ali para sempre no isolamento da memória.
Adeus sistema solar.
Em 37 horas, 4 minutos e 12 segundos a Terra irá colidir com Júpiter. E lá se vai o microcosmos e o macrocosmos, o átomo, a molécula, os protões e os neutrões. Lá se vai a física quântica a epigenética e mais os rebuçados do Dr. Bayar. Lá se vão os genes homeóticos, a medicina ortomolecular e as radiações eletromagnéticas. Não haverá Chakra que nos valha nem coerência que nos salve. Não haverá chave genética que nos abra mais porta nenhuma. Adeus humanidade.
Olga Roriz | 23 Nov. 2019
Após em “Autópsia” termos refletido sobre o impacto negativo que o ser humano tem vindo a causar ao planeta, “Seis meses depois” parte para uma reflexão sobre a humanidade que perdura em cada um de nós, apesar de a sociedade nos consumir, formatar e massificar.
Num futuro próximo, algo humanos, semi-deuses ou heróis, imaginamos a nossa existência em sete personagens ao acaso.
Zhora Fuji, Naoki 21, Dawnswir, Gael Bera Falin, Kepler 354, Priscilla Noir e Human Cat habitam a cidade de Tannhauser, o ano é 2307 no planeta Terra 3.
Olga Roriz |10 Dez. 2019
Direção Olga Roriz
Intérpretes André de Campos, Beatriz Dias, Bruno Alves, Catarina Câmara, Francisco Rolo, Marta Lobato Faria, Emanuel Santos
Seleção musical Olga Roriz, João Rapozo
Música Alex Hoeppner, Ben Frost, Brian Eno, Claude Debussy, Dale Cooper Quartet, Dark Side, Henry Purcell, Jaques Satre, Moby, Pergolesi, Shortparis, Trentemøllerr, Tchaikovsky, Towering of Inferno Vangelis, Vivaldi
Banda sonora e vídeo João Rapozo
Textos Bruno Alexandre, Bruno Alves, Francisco Rolo
Cenografia e figurinos Olga Roriz, Ana Vaz
Desenho de luz Cristina Piedade
Assistência de cenografia Daniela Cardante
Assistência de figurinos e adereços Ana Sales
Montagem e operação de luz e vídeo João Chicó | Contrapeso
Montagem e operação de som PontoZurca
Estagiárias assistentes de ensaios Ana de Oliveira e Silva e Andreia Alpuim
Créditos fotográficos Paulo Pimento
Co-produção
Teatro Nacional D. Maria II
Município de Loulé
Município de Vila Nova de Famalicão
Apoios 25 anos Companhia Olga Roriz
SPA – Sociedade Portuguesa de Autores
RTP – Rádio Televisão Portuguesa
CMA - Câmara Municipal de Lisboa
Companhia Olga Roriz
Direção Olga Roriz
Produção e digressões António Quadros Ferro Gestão | Magda Bull
FOR Dance Theatre e Residências Lina Duarte
A Companhia Olga Roriz é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes