Como é que uma ilha poderá ser a utopia que há em cada um de nós? Imagine-se um pensamento de uma Mulher da Limpeza: “Se não sais de ti, não chegas a saber quem és”. Imagine-se que um Homem que Queria um Barco sonhou com a Mulher da Limpeza e lhe segredou: “Gostar é provavelmente a
melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar”. Agora, imagine-se que estamos no lugar deste homem e desta mulher; que temos diante de nós três portas: a dos obséquios, a das petições e a das decisões. Qual delas seremos tentados a abrir?
No seu conto, José Saramago convida-nos a uma viagem em “que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós”.
Habitar teatralmente esta aventura onde a metáfora se espraia na areia das palavras é desafiante. Parabolizar teatral e musicalmente uma narrativa que, sendo complexa, não se pode desligar da singeleza do pensamento que a originou, constitui um desafio artístico aliciante. A palavra teatral e musicada é o roteiro para a construção de personagens oníricas, fantasiosa e poético-amorosas. A música, território de eleição dos intérpretes, pisca o olho sedutor ao argumento, deixando-o fluir encantatoriamente. A cenografia e os figurinos são enxertias de uma só planta.
José Rui Martins
A partir de
“O Conto da Ilha Desconhecida” de José Saramago
Adaptação e encenação
José Rui Martins
Interpretação
Catarina Moura
Luís Pedro Madeira
Pesquisa e coordenação literária
Sérgio Letria
Sara Figueiredo Costa
Música
Luís Pedro Madeira
Desenho de Luz
Paulo Neto
Montagem e operação de luz
Rui Sérgio Henriques
Apoio técnico
Luís Viegas
Cenografia
Zétavares
Figurinos, tapeçaria e adereços
Cláudia Ribeiro (Casa de Figurinos)
Carpintaria de cena
Filipe Simões
Adereços
Sofia Silva
Costureira
Marlene Rodrigues
Assistente de produção
Joana Cavaleiro
Fotografia
Ricardo Chaves
Apoio à produção
António Gonçalves
João Silva
Marta Costa