100 anos após a sua partida, a OTA - Orquestra Típica de Águeda, o Orfeão de Águeda e a ESAP - Escola Secundária Adolfo Portela partilham música e poemas evocativos de Adolfo Portela, autor aguedense que dedicou à cultura e ao seu semelhante um altruísmo humanitário de referência intemporal. Águeda e Fundão reverenciam-se perante a sua forma de ser, de sentir e de estar.
[…] No fundo de um vale, Águeda, com as suas casinhas escrupulosamente caiadas, a sua ponte nova, o seu rio claro, os seus areais, faz lembrar uma asa de gaivota que do alto se despegasse e viesse colar-se à terra. A vida do campo, por ali, é sempre embalada em alegres cantorias – a lavoira, o sacho, a rega, o corte dos milhos, a escapelada, a malha …
Trabalha-se a cantar! Em resposta, no rio, os barqueiros não sabem bem o que é lavar um barco, pontear uma rede, enrolar a vela, sem que uma cantiga lhes amenize a tarefa. Por sua vez, enfim, as lavadeiras do areal, ao compasso da roupa a bater nas tripeças, vão cantando com eles, vão cantando sempre …! Faz lembrar uma Coimbra pequenina, com as suas cantigas no rio! […]
Adolfo Portela – In – “Viagens no País – Branco e Negro – Semanário Ilustrado “– 20 de setembro de 1896